Só para comparar, o presidente chinês, Hu Jintao, levou a Washington uma bela bagagem de "deliverables" de setor privado (que na China se mistura ao público, obviamente) quando visitou a Casa Branca, em janeiro. Assinou finalmente uma empacada compra de 200 jatos da Boeing, no valor de US$ 19 bilhões, foram fechados contratos de energia e ferrovias para a GE, e uma joint-venture entre a Honeywell e a Haier.
Para o Brasil, vieram promessas de financiamento de US$ 1 bilhão do Exim Bank para empresas americanas que queiram entrar na demanda de obras de infraestrutura para a Copa de 2014 e Olimpíada de 2016. Em 2010, os EUA haviam anunciado uma linha de US$ 2 bilhões para fornecedores de equipamentos para a exploração do pré-sal --o que está bem aquém dos US$ 10 bilhões que a China ofereceu em crédito à Petrobras em 2009 e os US$ 25 bilhões do BNDES.
Nas palavras do ex-chanceler Celso Amorim em entrevista à repórter especial Cláudia Antunes, "dizer que foi uma visita histórica, só se for pelo primeiro presidente negro americano visitar o Brasil". "Não houve nada de prático", completou.
Mas tendo dito isso, ainda há muito a comemorar na visita. Em primeiro lugar, o Brasil ganhou um status semelhante ao de China e Índia no diálogo econômico com os Estados Unidos. Com o estabelecimento de diálogos estratégicos em energia, que se somam aos diálogos entre ministérios da Fazenda e Bancos Centrais, além da assinatura do acordo de cooperação econômica, o Teca, os dois países têm agora uma estrutura formal para discutir uma série de questões --do mesmo jeito que os EUA mantêm com China e Índia.
"Os dois presidentes instruíram suas equipes claramente sobre a importância de avançar nesses assuntos, elevando-os a um status similar ao que temos com China, Índia e Rússia, onde temos uma série de diálogos estratégicos se reportando em alto nível aos presidentes", disse Dan Restrepo, responsável por Hemisfério ocidental na Casa Branca, em uma entrevista.
Não, não se trata ainda de passos concretos. Mas é importante institucionalizar a relação, ter canais formais para resolução de pendências. Assim, da próxima vez que um líder americano visitar o Brasil, talvez haja mais "deliverables".
Jorge Araújo/Folhapress |
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